quarta-feira, 25 de maio de 2011

O burro precioso

Um dia, Nasrudin ficou pobre. Tentando resolver a questão, discutiu com sua mulher e os dois decidiram que a solução seria vender o burro. Então, ele o levou ao mercado. Mas ninguém se aproximava, até que um comerciante se interessou e perguntou:
- Você que vendê-lo?
- Sim.
O comerciante começou a examinar o burro:
- Ele não é um animal de boa qualidade... Está velho, magro, com os ossos aparecendo...Não transporta mais nada, nem carga, nem gente...As unhas...Este animal está doente! Morrerá em uma semana...Mas você veio aqui para vendê-lo... Eu posso lhe dar apenas 10 moedas por ele. Alguns podem pagar com dinheiro, outros com preces. Como você é um homem de fé, reze por mim e lhe farei esse favor.
A venda não era satisfatória. Nasrudin  queria vender seu burro por, pelo menos 25 ou 35 moedas. No final, conseguiu arrancar do comerciante 15 moedas
Já ia se afastando, quando observou que as pessoas começavam a se juntar em volta do burro e do comerciante.
- Quem quer comprar este burro? Vejam que ossatura sólida! É um burro de origem cipriota, jovem...Pode transportar gente e carga ao mesmo tempo! Dócil no trato, forte no trabalho.
Os compradores juntaram-se mais e mais.
- Eu dou 25 moedas...
- Eu dou 35 moedas...
- Eu dou 45 moedas...
Nasrudin começou a se interessar e gritou:
- Dou 50 moedas e fecho o negócio.
Assim, comprou o burro e voltou para casa.
A mulher, vendo-o chegar de volta com o burro, disse:
- Mas você não ia vendê-lo?
- Eu vendi por 15 moedas, mas comprei de volta por 50 moedas.
- Nasrudin!!!
- O que você pensa, mulher? O nosso burro tem inúmeras virtudes que não conhecíamos. Se eu não tivesse pago 50 moedas por ele, teríamos perdido um grande negócio. "

A pequena vendedora de fósforos

Era véspera de Natal. Fazia um frio intenso; já estava escurecendo e caía neve. Mas a despeito de todo o frio, e da neve, e da noite, que caía rapidamente, uma criança, uma menina descalça e de cabeça descoberta, vagava pelas ruas. Ela estava calçada quando saiu de casa, mas os chinelos eram muito grandes, pois eram os que a mãe usara, e escaparam-lhe dos pezinhos gelados quando atravessava correndo uma rua para fugir de dois carros que vinham em disparada.
Não pôde achar um dos chinelos e o outro apanhou-o um rapazinho, que saiu correndo, gritando que aquilo ia servir de berço aos seus filhos quando os tivesse. A menina continuou a andar, agora com os pés nus e gelados. Levava no avental velhinho uma porção de pacotes de fósforos. Tinha na mão uma caixinha: não conseguira vender uma só em todo o dia, e ninguém lhe dera uma esmola — nem um só cruzeiro.
Assim, morta de fome e de frio, ia se arrastando penosamente, vencida pelo cansaço e desânimo — a imagem viva da miséria.
Os flocos de neve caíam, pesados, sobre os lindos cachos louros que lhe emolduravam graciosamente o rosto; mas a menina nem dava por isso. Via, pelas janelas das casas, as luzes que brilhavam lá dentro. Sentia-se na rua um cheiro bom de pato assado — era a véspera de Natal —; isso sim, ela não esquecia.
Achou um canto, formado pela saliência de uma casa, e acocorou-se ali, com os pés encolhidos, para abrigá-los ao calor do corpo; mas cada vez sentia mais frio. Não se animava a voltar para casa, porque não tinha vendido uma única caixinha de fósforos, e não ganhara um vintém. Era certo que levaria algumas lambadas. Além disso, em sua casa fazia tanto frio como na rua, pois só havia o abrigo do telhado, e por ele entrava uivando o vento, apesar dos trapos e das palhas com que lhe tinham tapado as enormes frestas.
Tinha as mãozinhas tão geladas... estavam duras de frio. Quem sabe se acendendo um daqueles fósforos pequeninos sentiria algum calor? Se se animasse a tirar um ao menos da caixinha, e riscá-lo na parede para acendê-lo... Ritch!. Como estalou, e faiscou, antes de pegar fogo!
Deu uma chama quente, bem clara, e parecia mesmo uma vela quando ela o abrigou com a mão. E era uma vela esquisita aquela! Pareceu-lhe logo que estava sentada diante de uma grande estufa, de pés e maçanetas de bronze polido. Ardia nela um fogo magnífico, que espalhava suave calor. E a meninazinha ia estendendo os pés enregelados, para aquecê-los, e... tss! Apagou-se o clarão! Sumiu-se a estufa, tão quentinha, e ali ficou ela, no seu canto gelado, com um fósforo apagado na mão. Só via a parede escura e fria.
Riscou outro. Onde batia a luz, a parede tornava-se transparente como um véu, e ela via tudo lá dentro da sala. Estava posta a mesa. Sobre a toalha alvíssima via-se, fumegando entre toda aquela porcelana tão fina, um belo pato assado, recheado de maçãs e ameixas. Mas o melhor de tudo foi que o pato saltou do prato, e, com a faca ainda cravada nas costas, foi indo pelo assoalho direto à menina, que estava com tanta fome, e...
Mas — o que foi aquilo? No mesmo instante acabou-se o fósforo, e ela tornou a ver somente a parede nua e fria na noite escura. Riscou outro fósforo, e àquela luz resplandecente viu-se sentada debaixo de uma linda árvore de Natal! Oh! Era muito maior e mais ricamente decorada do que aquela que vira, naquele mesmo Natal, ao espiar pela porta de vidro da casa do negociante rico. Entre os galhos, milhares de velinhas. Estampas coloridas, como as que via nas vitrinas das lojas, olhavam para ela. A criança estendeu os braços diante de tantos esplendores, e então, então... apagou-se o fósforo. Todas as luzinhas da árvore de Natal foram subindo, subindo, mais alto, cada vez mais alto, e de repente ela viu que eram estrelas, que cintilavam no céu. Mas uma caiu, lá de cima, deixando uma esteira de poeira luminosa no caminho.
— Morreu alguém — disse a criança.
Porque sua avó, a única pessoa que a amara no mundo, e que já estava morta, lhe dizia sempre que, quando uma estrela desce, é que uma alma subiu para o céu.
Agora ela acendeu outro fósforo; e desta vez foi a avó quem lhe apareceu, a sua boa avó, sorridente e luminosa, no esplendor da luz.
— Vovó! — gritou a pobre menina. Leva-me contigo... Já sei que, quando o fósforo se apagar, tu vais desaparecer, como sumiram a estufa quente, o pato assado e a linda árvore de Natal!
E a coitadinha pôs-se a riscar na parede todos os fósforos da caixa, para que a avó não se desvanecesse. E eles ardiam com tamanho brilho, que parecia dia, e nunca ela vira a vovó tão grandiosa, nem tão bela! E ela tomou a neta nos braços, e voaram ambas, em um halo de luz e de alegria, mais alto, e mais alto, e mais longe... longe da Terra, para um lugar, lá em cima, onde não há mais frio, nem fome, nem sede, nem dor, nem medo, porque elas estavam, agora, no céu com Deus.
A luz fria da madrugada achou a menina sentada no canto, entre as casas, com as faces coradas e um sorriso de felicidade. Morta. Morta de frio, na noite de Natal.
A luz do Natal iluminou o pequenino corpo, ainda sentado no canto, com a mãozinha cheia de fósforos queimados.
— Sem dúvida, ela quis aquecer-se — diziam.
Mas... ninguém soube que lindas visões, que visões maravilhosas lhe povoaram os últimos momentos, nem com que júbilo tinha entrado com a avó nas glórias do Natal no Paraíso.

ATUALIZAÇÃO DO BLOG

Olá pessoal!

Tempos de muito trabalho e também novos desafios. Uma delícia! Por outro lado, nosso blog acabou ficando desatualizado. Mas, leiam a boa notícia:

A atualização do blog será feita nas próximas duas semanas.

Grata!!! E, até breve!

Contos Natalinos

As histórias são poderosos instrumentos de aproximação dos mundos interior e exterior. Os contos natalinos comunicam o eterno, o universal e por isso nos religam ao nosso semelhante e nos coloca em contato com o movimento interno de nossa preocupação fundamental. O clássico  conto de e Hans Christian Andersen A pequena vendedora de fósforo traz reflexões sobre a solidariedade, a esperança e sobre o amor.

Repertório

A pequena vendedora de fósforos
A árvore do pão
O rei, o pescador e o anel

Este repertório foi apresentado no Projeto Encontros do Metrô de São Paulo, na ONG IASE e no Sarau de Natal da UMAPAZ