quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A incapacidade de ser verdadeiro


No dia das crianças, durante minha apresentação, eu recitei esse lindo poema de Carlos Drummond e...me esqueci de creditar. Como eu fiquei inconsolável todos os dias e porque sou apaixonadíssima por esse poema e por seu autor já faz uma boa quantidade de anos, resolvi postar aqui essa lindeza. Sei que vão se deliciar.
                                                  Carlos Drummond de Andrade

Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões da independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo.
Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa, como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias. Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico.
Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
— Não há nada a fazer, Dona Coló. Esse menino é mesmo um caso de poesia.


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Balançando o Esqueleto no Centro Cultural Promissão em Diadema



Na última sexta-feira, caia uma chuvinha teimosa a tarde. O Duo Encantado se preparava para uma apresentação no CC de Promissão, em Diadema. O repertório foi de histórias de terror e as crianças, ao chegarem, corajosas que só, foram pedindo para apagarmos as luzes, Ai, que medo!!

Todas as histórias deste repertório são muito divertidas porque nos pregam peças! O começo é cheio de mistério, o enredo vai se tornando assustardo e o final... é de fazer rir.

Vejam que criançada bonita que esteve presente.

As histórias foram pouco a pouco deixando todo mundo envolvido e o clima estava de total descontração.




Todo mundo até se esqueceu do tempo nublado que estava fazendo lá fora. Aliás, bem que o cinza e a chuva fina ajudaram a compor o clima de mistério e suspense.






Cada história contada era um tanto de criança que queria falar alguma coisa. Uns queriam contar uma outra história, outros queriam que eu explicasse alguns detalhes houve até quem discordasse do final de uma história! Criançada participativa é assim.


E as caras e bocas que o Giba Santana fazia?
Acompanhe uma delas na foto aí abaixo, quando estávamos na última frase da história Noites Misteriosas que diz assim: "- Era um gato! E o felino ao ver que alguém o observava cortou, novamente, o silêncio da noite com um miado fino e comprido."

Como foi gostoso ver a criançada já se esparramando pelo chão, virando "gelatina" como diz Ilan Brenman. 
Em uma das histórias (O desencantamento das bruxas) até fizemos de conta que estávamos participando de uma reunião de bruxas. Foi bem divertido.
Na história do João sem medo todo mundo ficou de olhos bem arregalados, afinal de contas aparecem frades fantasmas, ogro e mais um monte de criaturas de fazer arrepiar os cabelos, tremer as pernas e bater os dentes.

No dia 29 deste mês voltaremos lá no Centro Cultural Promissão para fazer as Histórias de Arrepiar. Esse repertório é de terror mesmo, histórias de um medo cabeludo.
Estão todos convidados. Mas, se não der para ir ver a gente, dá ao menos para acompanhar um pouquinho por aqui.
Não deixe de nos visitar aqui!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo!


Domingo de chuva que nem parecia primavera porque a cor do tempo era cinza.

Descendo a rua Augusta eu ía. Sombrinha florida em punho, sapatos azuis e uma caixa de papelão embrulhada em um papel vermelho que de tão brilhante reluzia.

Cheguei antes do horário combinado na Livraria da Vila. Fiquei boquiaberta com o tamanho do lugar, com a quantidade de livros, com a beleza e elegãncia de tudo ali. Eu ainda não conhecia. Procurei pelo Marcos que me levou, subindo as escadas, ao espaço infantil da livraria. Local bem aprazível, com alguns pequenos folheando livros, outros brincavam e uns outros ainda andavam, agitados, de um lado para o outro.

Anunciei a contação de histórias. Ressabiados alguns, contentes outros, indecisos mais alguns e assim o auditório foi ficando aquecido com aquelas presenças.

Ah! Foi só começar e uns pequenos já se aproximaram mais, alguns chegaram a se esparramar nos pufs enormes e coloridos. Fiquei muita satisfeita também de ver a participação dos adultos que se permitiram sentir-se crianças, imaginar e sonhar como crianças.

Terminada a apresentação, agradecimentos, aplausos, despedidas e...Fausta. Uma pequenina garota, de seus quatro ou cinco anos, se aproximou de mim, deu um delicioso e inesquecível abraço e me disse, bem ao pé do ouvido, com uma voz meiga, doce e sincera: EU TE AMO!

Emudeci e me emocionei. Minha tarde de domingo ganhou cores, tantas cores!

Depois encontrei Fausta na lanchonete, ela estava com seu pai e me observava da mesa. Quando me levantei, me aproximei da mesa dela e me despedi. Ela veio até mim, me abraçou e disse um outro, e o mesmo: EU TE AMO!

Se ela soubesse como aquilo ressoou em mim, talvez ela saiba. Na sua ingenuidade de criança, talvez ela bem saiba e por isso insistiu.

Eu fui saindo, o corredor até as escadas era comprido, ouvi passos delicados e rápidos atrás de mim, olhei para trás e Fausta vinha ao meu encontro. Ela me abraçou, um abraço delicado e decidido. Sua voz doce no meu ouvido disse: EU TE AMO!




Esse tal de cartão de memória...


Boa tarde de chuva na cidade grande - Sampa!
Meus caros,

Ah! Como eu queria já ter postado as fotos da semana da criança. Acontece que eu, não sei como, consegui enroscar o cartão de memória da máquina fotográfica no local onde deve ser conectado no computador. Achei que fosse possível eu resolver esse problema hoje, mas não deu. Fui resolvendo outros probleminhas, porque como disse Leminsk "os problemas têm família grande", rrs e o dia já está findando.

Amanhã, Oxalá! eu conseguirei resolver isso e coloco as fotos aqui. Porém, não tem fotos de todos os dias não, infelizmente. De qualquer forma, espero que a partir dos meus relatos aqui, dê para cada um acompanhar um pouquinho do que foi essa semana de encantamentos.

Por favor, participe! Dê idéias, sugestões, críticas, elogios. Esse blog é para vocês.

Ah! Já que citei o poema do Paulo Leminsk e como sou grande admiradora do poeta e, especialmente do poema citado, vou postá-lo para vocês. Espero que gostem também.

Um grande abraço e ótimo começo de semana.



    no fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
    a gente gostaria
de ver nosso problemas
    resolvidos por decreto

    a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
    é considerada nula
e sobre ela -- silêncio perpétuo

    extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
    lá pra trás nã há nada,
e nada mais

    mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
    e aos domingos saem todos passear
o problema, sua senhora
    e outros pequenos probleminhas

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Semana da Criança



Que gostosa que está sendo essa semana! Porque estou me divertindo muito brincando e contando histórias.

Na terça-feira contei histórias para os pequenos e grandinhos da Escola Infantil Imaginação Kids - foi tão bom!

Sorrisos, alegrias, olhares de encantamento e pedidos, como:
_ Volta amanhã!

                                                                          _ Fica mais!

                                                                        _ Vem de novo!

São esses pequenos gestos e essas sinceras palavras que fazem a esperança, muitas vezes, arrefecida - revigorar em meu coração!

Ontem, contei histórias e brinquei muito junto com Giba Santana - Duo Encantado, no Centro Cultural São Paulo e todos os pequenos e graúdos que estiveram com a gente na programação especial do Dia das Crianças. Ah! Como foi mágico o encontro com crianças, adultos, pais, mães, avós, tias e tios, amigos que estavam tão disponíveis para brincar, para compartilhar, para confraternizar.

No Centro Cultural São Paulo, participei do projeto Histórias para Brincar, junto com os queridos colegas contadores de histórias: Fábio Lisboa, Maria Cecília Ferri e Vanessa Meriqui. Nós tivemos como grande estimuladora deste projeto a querida colega e também funcionária da biblioteca do CCSP Valéria Zanchitta - que plantou essa sementinha em nossos corações porque acredita em nosso trabalho. Gratidão!

Em breve, eu disponibilizarei, além de fotos, cantigas, brincadeiras e histórias de nossas apresentações na semana das crianças. Fiquem atentos!


        Da esquerda para a direita: Maria Cecília, Fábio Lisboa, Rosita Flores (Duo Encantado), Vanessa Meriqui e Giba      
        Santana (Duo Encantado)


Meus agradecimentos sinceros à todas as pessoas que estiveram com a gente no dia festivo de ontem. Foi um dia, realmente, abençoado.

Em outra postagem colocarei fotos das apresentações na Escola Imaginação Kids e do Projeto Histórias para Brincar no Centro Cultural São Paulo. Fiquem de olho!

 Participem, comentem, mandem sugestões, esse blog é para todos!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Semana da Criança contando muitas e divertidas histórias




Boa tarde gente bonita que veio aqui dar uma espiada em nosso trabalho, Muito obrigada!

Daqui a pouquinho, estarei na Escola Infantil Imaginação Kids contando histórias para os pequenos e grandes de lá. Vai se bem divertido, eu posso apostar!

Aproveito este post para fazer um convite especial para amanhã, Dia das Crianças: a partir das 15h estarei no Centro Cultural São Paulo (R. Vergueiro, 1000 - do ladinho da estação de metrô Vergueiro). Vou contar histórias, declamar poesia, brincar com vocês utilizando parlendas, trava-línguas e cantigas de rodas, em Histórias para Brincar. Você não vai perder, não é?

A programação especial do dia das crianças no Centro Cultural São Paulo começa as 11h e vai o dia todo, Ôo coisa boa!

Espero vocês. Abraços, com desejos de que cada um deixe a sua criança das reminiscências, aquela escondidinha lá no porão das lembranças, vir à tona para brincar até não mais poder.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Colégio Ápice - Bichos do céu, da terra e do mar


No primeiro sábado de primavera, contei histórias de bichos do céu, da terra e do mar para os pequenos e graúdos do interessantíssimo e acolhedor Colégio Ápice. Foi uma delícia tudo!

Além de prestarem atenção nas histórias e participar, ao final os pequenos também estavam curiosos para ver de pertinho e manusear os instrumentos sonoros e os objetos e adereços utilizados nas histórias.




As histórias contadas foram: Brincadeira de Triângulos; A garça velha; Babioca, o cavalinho medroso e O macaquinho carinhoso.





Depois que contei as histórias, e fiquei com a criançada mostrando os objetos, adereços e instrumentos, eu aproveitei para passear pela exposição que estava acontecendo no colégio. Cada turma expôs os animais construídos com sucata (copos de iogurte, caixas de leite, papelão, caixa de ovo, etc). Os temas eram animais da fazenda, da água, selvagens, etc.  EU SIMPLESMENTE ADOREI!
Foi uma grata surpresa conhecer o colégio e fiquei feliz de participar, contando histórias, deste dia com todos de lá.




Espero voltar outras vezes!


                 Eugênio, o gênio, é o burro mais inteligente do mundo. Sabe quase tudo o que há nos livros.
                   Fala burrês, que é a língua dos burros. Fala bichês que é a língua dos bichos...
                Antigamente, Eugênio tinha um defeito: era muito teimoso...
                   É verdade que muitos burros são emburrados e empacadores. Mas são burros que são burros, não burros , não são burros inteligentes.
                   Desde pequeno, Eugênio era assim: empacava para comer, empacava para dormir, empacava para se vestir...
                   E a mãe comentava:
                   - Este menino é tão teimoso...
                   Eugênio só desempacava quando o pai pedia muito:
                   - Meu filhinho bonitinho, faz a vontade do papai.
                   E a mãe pedia também!
                   E   Eugênio fazia pose  e declarava:
                   - Como é para o bem de todos... e desempacava

              Um dia, na pracinha da floresta, o alto-falante falava:
_ Grande concurso de perguntas e respostas da Rádio Jovem Floresta!
Ganhe o concurso e faça uma festa! Prêmios e mais prêmios! Se você é sabido, inteligente, venha para este concurso diferente!
              Todo mundo logo quis que Eugênio se inscrevesse no concurso:
_ Se Eugênio não empacar, é ele quem vai ganhar - dizia Zebrinho, que era amigo de Eugênio desde pequenininho.
  
              Mas Eugênio já estava empacado:
_Ah, não sei se vou, não. Não estou com vontade... A mãe de Eugênio pediu. O pai de Eugênio falou. Todo mundo argumentou.
              Até que Eugênio, com muito mau gênio, concordou:
_ Está bem, eu vou, eu vou, não falem mais, por favor...

              Quando chegou o dia do concurso, que alegria! A clareida da floresta estava tão enfeitada que até parecia uma floresta encantada.
              No paulco, o animador do concurso, o papagaio Tibúrcio. E os concorrentes iam passando, e o perguntador ia perguntando, e os mais sabidos iam se classificando.

               Até que no palco ficaram o Burro, o Leão, a Coruja e o Pavão. E Tibúrcio perguntou:
_De que cor era o cavalo branco de Napoleão?
               Cada um começou a dar tratos à bloa. Cada qual começou a espremer a cachola.

               Quem quis responder primeiro foi a coruja. Vocês sabem, a coruja não enxerga de dia e, de noite, todos os bichos parecem cinzentos.
                Então ela pensou:
_Este tal de Tibúrcio pensa que me tapeou. Disse que o cavalo é branco, mas não me enganou. E, dando um passo à frente, declarou, cheia de vento:
_está claro que era cinzendo.
               A platéia não gostou. Todo mundo vaiou...
          
               Era a vez do Leão, que pensou, lá consigo:
_Deve ser algum rei, este Napo-Leão. Portanto, seu cavalo, seja ele quem for, tem que fazer a vontade do rei, em matéria de cor. E falou:
_Já sei, este cavalo não tem uma cor qualquer, o cavalo é da cor que Napoleão quiser.
E todo mundo vaiou...

             Chegando a sua vez, o Pavão se adiantou. Olhando suas penas azuis, logo falou:
_Em matéria de belo, eu sei o que é bom. O cavalo era azul, não era de outro tom.
E toda a platéia vaiou:
_Ôôôôôôô!

            E chegou, finalmente, a vez do nosso Eugênio, que, empacado, não dava nem sinal do seu gênio. Todo mundo gritava:
_Eugênio, Eugênio, mostra o seu gênio!
            Mas Eugênio, empacado, mostrava o seu mau gênio. Todo mundo sabia que Eugênio era capaz. Por isso todo mundo gritava por rapaz:
_Vamos, Eugênio, vamos! O que é que está esperando? Vá falando!

          É que Eugênio, acostumado a ser sempre mimado, olhava para todo o lado:
_Cadê mamãe e papai? Será que não vão pedir, implorar e até rogar, para eu desempacar?

          Mas o pai dizia à mãe, com voz de grande mágoa:
_Desta vez o nosso filho vai dar com os burros n'água...porque neste concurso não posso me meter. Até que vai ser bom para ele aprender.

          E quando Eugênio viu que o tempo ia acabar e que ele ia perder, somente por teimar, resolveu que não era bom negócio empacar:
_Era branco, era branco! -  gritou.

          _Viva! Graças a Deus, ele desempacou! _Viva Eugênio, o gênio, que só ele acertou...

          
           E foi assim, meus senhores e minhas senhoras, que Eugênio, o gênio, perdeu o seu mau gênio. E nunca mais empacou, nem emburrou. Ficou sendo um burro legal, genial.
           Ficou sendo Eugênio, o bom gênio...


No reino da bicharada - Projeto Encontros Culturais no Metrô




Nesta terça-feira, dia 04 de outubro, as 14h, tchan, tchan, tchan, tchan... apresentei o repertório No reino da bicharada, pela segunda vez, lá na estação Paraíso do metrô, pelo Projeto Encontros Culturais no Metrô.
Foi muito especial para mim porque fazia já seis meses que não me apresentava por lá.
Comecei a apresentação saudando a primavera e cantando para ela e para o público que começava a chegar. Na platéia estava um pessoal muito atento. Como foi acolhedor receber os olhares brilhantes de sorrisos largos. E o dia também foi bem especial porque compareceram meus queridíssimos pais e também um amigo querido que veio direto do aeroporto (voltava de uma viagem) com malas, cansaço e tudo - para me assistir.

Mais uma tarde muito gostosa e lindamente compartilhada. Gratidão!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011





Bom Dia, Todas as Cores!


Meu amigo Camaleão acordou de bom humor.
- Bom dia, sol, bom dia, flores,
bom dia, todas as cores!

Lavou o rosto numa folha
Cheia de orvalho, mudou sua cor
Para a cor-de-rosa, que ele achava
A mais bonita de todas, e saiu para
O sol, contente da vida.

Meu amigo Camaleão estava feliz
Porque tinha chegado a primavera.
E o sol, finalmente, depois de
Um inverno longo e frio, brilhava,
Alegre, no céu.
- Eu hoje estou de bem com a vida
- Ele disse. - quero ser bonzinho
Pra todo mundo...

Logo que saiu de casa,
O Camaleão encontrou
O professor pernilongo.
O professor pernilongo toca
Violino na orquestra
Do Teatro Florestal.
- Bom dia, professor!
Como vai o senhor?
- Bom dia, Camaleão!
Mas o que é isso, meu irmão?
Por que é que mudou de cor?
Essa cor não lhe cai bem...
Olhe para o azul do céu.
Por que não fica azul também?

O Camaleão,
Amável como ele era,
Resolveu ficar azul
Como o céu da primavera...

Até que numa clareira
O Camaleão encontrou
O sabiá-laranjeira:
- Meu amigo Camaleão,
Muito bom dia e você!
Mas que cor é essa agora?
O amigo está azul por quê?

E o sabiá explicou
Que a cor mais linda do mundo
Era a cor alaranjada,
Cor de laranja, dourada.

Nosso amigo, bem depressa,
Resolveu mudar de cor.
Ficou logo alaranjado,
Louro, laranja, dourado.
E cantando, alegremente,
Lá se foi, ainda contente...


Na pracinha da floresta,
Saindo da capelinha,
Vinha o senhor louva-a-deus,
Mais a família inteirinha.
Ele é um senhor muito sério,
Que não gosta de gracinha.
- bom dia, Camaleão!
Que cor mais escandalosa!
Parece até fantasia
Pra baile de carnaval...

Você devia arranjar
Uma cor mais natural...
Veja o verde da folhagem...
Veja o verde da campina...
Você devia fazer
O que a natureza ensina.

É claro que o nosso amigo
Resolveu mudar de cor.
Ficou logo bem verdinho.
E foi pelo seu caminho...

Vocês agora já sabem como era o Camaleão.
Bastava que alguém falasse, mudava de opinião.
Ficava roxo, amarelo, ficava cor-de-pavão.
Ficava de toda cor. Não sabia dizer NÃO.

Por isso, naquele dia, cada vez que
Se encontrava com algum de seus amigos,
E que o amigo estranhava a cor com que ele estava...
Adivinha o que fazia o nosso Camaleão.
Pois ele logo mudava, mudava para outro tom...

Mudou de rosa para azul.

De azul para alaranjado.

De laranja para verde.

De verde para encarnado.

Mudou de preto para branco.

De branco virou roxinho.

De roxo para amarelo.
E até para cor de vinho...

Quando o sol começou a se pôr no horizonte,
Camaleão resolveu voltar para casa.
Estava cansado do longo passeio
E mais cansado ainda de tanto
mudar de cor.
Entrou na sua casinha.
Deitou para descansar.
E lá ficou a pensar:
- Por mais que a gente se esforce,
Não pode agradar a todos.
Alguns gostam de farofa.
Outros preferem farelo...
Uns querem comer maçã.
Outros preferem marmelo...
Tem quem goste de sapato.
Tem quem goste de chinelo...
E se não fossem os gostos,
Que seria do amarelo?

Por isso, no outro dia, Camaleão levantou-se
Bem cedinho.
- Bom dia, sol, bom dia, flores,
Bom dia, todas as cores!

Lavou o rosto numa folha
Cheia de orvalho,
Mudou sua cor para
A cor-de-rosa, que ele
Achava a mais bonita
De todas, e saiu para
O sol, contente
Da vida.

Logo que saiu, Camaleão encontrou o sapo cururu,
Que é cantor de sucesso na Rádio Jovem Floresta.
- Bom dia, meu caro sapo! Que dia mais lindo, não?
- Muito bom dia, amigo Camaleão!
Mais que cor mais engraçada,
Antiga, tão desbotada...
Por que é que você não usa
Uma cor mais avançada?

O Camaleão sorriu e disse para o seu amigo:
- Eu uso as cores que eu gosto,
E com isso faço bem.
Eu gosto dos bons conselhos,
Mas faço o que me convém.
Quem não agrada a si mesmo,
Não pode agradar ninguém...
E assim aconteceu
O que acabei de contar.
Se gostaram, muito bem!
Se não gostaram, AZAR!


Contando Ruth Rocha na Biblioteca São Paulo



Boa tarde, gentes! Desejo de primavera bem colorida e perfumada para todos os amigos daqui!






Que bom que o sol voltou a brilhar nesta segunda-feira, porque o último domingo foi de chuvinha e tempo bem nublado. Apesar do domingão preguiçoso e de cara fechada, o Duo Encantado contou deliciosas histórias de Ruth Rocha lá na Biblioteca São Paulo. A gente não conhecia o espaço, que é muito amplo e tem algumas "tendas" onde as pessoas podem ficar lendo seus livros ou se divertindo com jogos, de maneira bem confortável nas almofadas. Ai, delícia! As histórias contadas foram Bom dia, todas as cores!, Marcelo, marmelo, martelo e Eugênio, o gênio. Foi muito gostoso tudo! As crianças, ao final, foram convidadas a participar, de brincadeirinha, de um concurso de Perguntas e Respostas, como acontece com o Eugênio, o gênio. Ah! Tá curioso para saber como foi o tal concurso? Bom, procurem então a história que foi postada lá no tópico histórias de montão e divirtam-se. As crianças e adultos presentes no domingo, na Biblioteca São Paulo, se divertiram de montão. Pena, que não tenho fotos... Entretanto, vou já pedir para o pessoal da biblioteca que tirou bastante fotinhas de todos.

Espero que vocês se divirtam com as duas deliciosas histórias de Ruth Rocha. Um grande abraço e, se quiser, deixe um comentário, que pode ser uma sugestão, dúvida, crítica...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A garça velha

A Garça Velha
Certa garça nascera, crescera e sempre vivera à margem duma lagoa de águas turvas, muito rica em peixes.
Mas o tempo corria e ela envelhecia. Seus músculos cada vez mais emperrados, os olhos cansados - com que dificuldade ela pescava!
- Estou mal de sorte, e se não topo com um viveiro de peixes em águas bem límpidas, certamente que morrerei de fome. Já se foi o tempo feliz em que meus olhos penetrantes zombavam do turvo desta lagoa...
E de pé num pé só, o longo bico pendurado, pôs-se a matutar naquilo até que lhe ocorreu uma idéia.
- Caranguejo, venha cá ! - disse ela a um caranguejo que tomava sol à porta do seu buraco.
- Às ordens. Que deseja?
- Avisar a você duma coisa muito séria. A nossa lagoa está condenada. O dono das terras anda a convidar os vizinhos para assistirem ao seu esvaziamento e o ajudarem a apanhar a peixaria toda. Veja que desgraça! Não vai escapar nem um miserável guaru.
O caranguejo arrepiou-se com a má notícia. Entrou na água e foi contá-la aos peixes.
Grande rebuliço. Graúdos e pequeninos, todos começaram a pererecar às tontas, sem saberem como agir. E vieram para a beira d'água.
- Senhora dona do bico longo, dê-nos um conselho, por favor, que nos livre da grande calamidade.
- Um conselho?
E a matreira fingiu refletir. Depois respondeu.
- Só vejo um caminho. É mudarem-se todos para o poço da Pedra Branca.
- Mudar-se como, se não há ligação entre a lagoa e o poço?
- Isso é o de menos. Cá estou eu para resolver a dificuldade. Transporto a peixaria inteira no meu bico.
Não havendo outro remédio, aceitaram os peixes aquele alvitre - e a garça os mudou a todos para o tal poço, que era um tanque de pedra, pequenininho, de águas sempre límpidas e onde ela sossegadamente poderia pescá-los até o fim da vida.
Moral da Estória:
Ninguém acredite em conselho de inimigo