sexta-feira, 7 de outubro de 2011



                 Eugênio, o gênio, é o burro mais inteligente do mundo. Sabe quase tudo o que há nos livros.
                   Fala burrês, que é a língua dos burros. Fala bichês que é a língua dos bichos...
                Antigamente, Eugênio tinha um defeito: era muito teimoso...
                   É verdade que muitos burros são emburrados e empacadores. Mas são burros que são burros, não burros , não são burros inteligentes.
                   Desde pequeno, Eugênio era assim: empacava para comer, empacava para dormir, empacava para se vestir...
                   E a mãe comentava:
                   - Este menino é tão teimoso...
                   Eugênio só desempacava quando o pai pedia muito:
                   - Meu filhinho bonitinho, faz a vontade do papai.
                   E a mãe pedia também!
                   E   Eugênio fazia pose  e declarava:
                   - Como é para o bem de todos... e desempacava

              Um dia, na pracinha da floresta, o alto-falante falava:
_ Grande concurso de perguntas e respostas da Rádio Jovem Floresta!
Ganhe o concurso e faça uma festa! Prêmios e mais prêmios! Se você é sabido, inteligente, venha para este concurso diferente!
              Todo mundo logo quis que Eugênio se inscrevesse no concurso:
_ Se Eugênio não empacar, é ele quem vai ganhar - dizia Zebrinho, que era amigo de Eugênio desde pequenininho.
  
              Mas Eugênio já estava empacado:
_Ah, não sei se vou, não. Não estou com vontade... A mãe de Eugênio pediu. O pai de Eugênio falou. Todo mundo argumentou.
              Até que Eugênio, com muito mau gênio, concordou:
_ Está bem, eu vou, eu vou, não falem mais, por favor...

              Quando chegou o dia do concurso, que alegria! A clareida da floresta estava tão enfeitada que até parecia uma floresta encantada.
              No paulco, o animador do concurso, o papagaio Tibúrcio. E os concorrentes iam passando, e o perguntador ia perguntando, e os mais sabidos iam se classificando.

               Até que no palco ficaram o Burro, o Leão, a Coruja e o Pavão. E Tibúrcio perguntou:
_De que cor era o cavalo branco de Napoleão?
               Cada um começou a dar tratos à bloa. Cada qual começou a espremer a cachola.

               Quem quis responder primeiro foi a coruja. Vocês sabem, a coruja não enxerga de dia e, de noite, todos os bichos parecem cinzentos.
                Então ela pensou:
_Este tal de Tibúrcio pensa que me tapeou. Disse que o cavalo é branco, mas não me enganou. E, dando um passo à frente, declarou, cheia de vento:
_está claro que era cinzendo.
               A platéia não gostou. Todo mundo vaiou...
          
               Era a vez do Leão, que pensou, lá consigo:
_Deve ser algum rei, este Napo-Leão. Portanto, seu cavalo, seja ele quem for, tem que fazer a vontade do rei, em matéria de cor. E falou:
_Já sei, este cavalo não tem uma cor qualquer, o cavalo é da cor que Napoleão quiser.
E todo mundo vaiou...

             Chegando a sua vez, o Pavão se adiantou. Olhando suas penas azuis, logo falou:
_Em matéria de belo, eu sei o que é bom. O cavalo era azul, não era de outro tom.
E toda a platéia vaiou:
_Ôôôôôôô!

            E chegou, finalmente, a vez do nosso Eugênio, que, empacado, não dava nem sinal do seu gênio. Todo mundo gritava:
_Eugênio, Eugênio, mostra o seu gênio!
            Mas Eugênio, empacado, mostrava o seu mau gênio. Todo mundo sabia que Eugênio era capaz. Por isso todo mundo gritava por rapaz:
_Vamos, Eugênio, vamos! O que é que está esperando? Vá falando!

          É que Eugênio, acostumado a ser sempre mimado, olhava para todo o lado:
_Cadê mamãe e papai? Será que não vão pedir, implorar e até rogar, para eu desempacar?

          Mas o pai dizia à mãe, com voz de grande mágoa:
_Desta vez o nosso filho vai dar com os burros n'água...porque neste concurso não posso me meter. Até que vai ser bom para ele aprender.

          E quando Eugênio viu que o tempo ia acabar e que ele ia perder, somente por teimar, resolveu que não era bom negócio empacar:
_Era branco, era branco! -  gritou.

          _Viva! Graças a Deus, ele desempacou! _Viva Eugênio, o gênio, que só ele acertou...

          
           E foi assim, meus senhores e minhas senhoras, que Eugênio, o gênio, perdeu o seu mau gênio. E nunca mais empacou, nem emburrou. Ficou sendo um burro legal, genial.
           Ficou sendo Eugênio, o bom gênio...


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